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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O bate papo


"RAFAELgatobi fala para Todos: algum brow discretaço q nunca foi em lugar gay macho e de boa pra troca uma ideia aew e ver no q rola?"

Eu poderia fazer a linha "estou pesquisando... curiosidade antropológica". Enfim, mas não tenho medo de assumir que eventualmente entro no bate papo. Que existe, dentro de mim, a pequena e solitária crença em acreditar ser possível encontrar um perdido como eu, vagando pelo ciberespaço.

De maneira geral, são conversas desastrosas e eu fico irritado. O começo é sempre doloroso, via de regra  o diálogo começa na célebre pergunta " vc é a ou p" e termina com o inquérito sobre a genitália, espessura, diâmetro, cumprimento.

Quando a conversa não vai por esse caminho (caminho esse que sempre interdito), pode até ser razoável, mas quase sempre implica em uma virtualidade irritante. Um medo do "face a face". É mais tranquilo colocar os dedos em ação, do que dispor de coragem, assuntos variados e principalmente lidar com a frustração.

Frustração das mais distintas ordens: não corresponde fisicamente, o papo é ruim, o beijo não decolou.

E porquê ainda entro?

Não sei agora... É essa solidão, ou o que ouvi sobre globalização "esse estar junto na distância". Ainda sim, aos trancos e barrancos, há uma sensação de pertença, um traço de humanidade. Sociabilidade às avessas, mas sociabilidade.

Lembro do tcc de um aluno, sobre o filme Apaixonado Thomas. O cara não saía de casa há 8 anos, por sofrer agorafobia.  E eu sei que posso ser tudo, menos agorafóbico. Mas ao mesmo tempo, não posso me permitir ter medo do "só". É algo que devo lidar... Principalmente agora!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A conferência

Lygia Pape, 1968.

Ontem fizemos uma reunião virtual. Precisávamos resolver uma parte de nossas férias, e isso incluiu arriscar a compra de uma passagem de são paulo até floripa; com o risco de não chegarmos em tempo, por um possível atraso no vôo de goiânia até congonhas.

Até ai, tudo normal.

Mas a conversa, entre o desespero em falar com a atendente de telemarketing e os links do youtube, descambou para uma sensação de conforto, carinho, bem-estar. Principalmente quando um dos creyços se ausenta da capital, pra ir curar a fossa em um poço de água quente. Caminho inverso, hein? Era sempre a capital a promessa da felicidade, o eldorado daquele adolescente sardento e cheio de espinhas.

Obrigada meninas!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Pela beleza do gesto


Há tempos eu tinha um arquivo de filme no computador. Eu o ignorava, apesar de imaginar que seria bom. E ele não estava escondido, em alguma pasta secreta. Repousava bem ali, no desktop.

Pois bem! Havia baixado um filme peruano que as críticas muito me intrigaram, entretanto o áudio estava péssimo e eu naquela intimidade pronto para incorporar-me a uma narrativa lenta, sofrida, despedaçada.

Lembrei de "as canções de amor", que há muito me aguardava, solitário...

E eu me apaixonei! O problema é este, não paro de ouvir a trilha sonora. Inclusive fui flagrado por meus amigos, encostado em uma parede, levemente embriagado sonhando com alguma paixão casual... ou dessas que dure. rs!


Sim, eu já amei
Pela beleza do gesto.
Mas a maçã era dura,
e quebrei os dentes.
Essas paixões imaturas,
esses amores indigestos
Deixaram-me mal disposto algumas vezes.

As Tu Déjà Aimé?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O desequilíbrio

Fernanda Magalhães - Gorda 13, série “A Representação da Mulher Gorda Nua na Fotografia”,1995
Tropeçar nas próprias pernas é algo corriqueiro. Romper o limite ou a tentativa de normalidade é mais que um desafio, é um estado de concentração onde ignoramos os estímulos externos, domamos as frustrações e aceitamos a efemeridade das relações, a cor turva das interações e a constatação de que as coisas que ando lendo por ai estão mais próximas de mim do que eu queria.

E isso porque? Dificuldade de abstração? Mergulho ao egoísmo? Ansiedade...

Isso, ansiedade, não loucura. Loucura, não pelo medo do rótulo, ou pelas possíveis medicalizações. É por não entender o peso que ela traz. Acho que é mais insatisfação. E isso somos todos: eternamente insatisfeitos.

E pra relembrar (ou amenizar a ansiedade), deixo a imagem de algo que devo me ocupar pelos próximos 14 meses.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O garoto da camiseta verde


Tanta confusão por nada. Ou por haver tensões a resolver. Conflitos para dirimir.

Não entendi pouco mais de 0,25% das coisas que fiz. E fiz.
E acordar lidando com isso, com o gosto que ficou, a memória reforçada pelas imagens. A carta de 2004, que ainda não foi entregue, mas está lá silenciosa, pronta para me denunciar, trair, ferir.

E eu, ingênuo, permito. Ou peço, clamo, conquisto.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Não quero ver você triste


O Roberto Carlos de hoje de nada lembra esse sujeito de 44 anos atrás.

Esqueçamos seu programa de fim de ano, cafona e com companhias bizarras: Cláudia Leite, o funkeiro da moda  e globais na platéia.

O bom é isso:


por isso ele é o rei!

"Olha,
vamos sair?!
Pra que saber onde ir?!
Só quero ver você sorrir.
Enxuga a lágrima,
não chore mais.
Olhe que céu azul!
Azul até demais.
Esquece o mal,
pense só no bem.
Que assim a felicidade um dia vem.
Agora uma canção,
canta pra mim?!
Não quero ver você tão triste assim."

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Os desafios do despertador

Luiz Hermano Festival de Pipas, 1987 acrílica s/ tela

O despertador é cruel, perverso. Lhe peço carinhosamente dez minutos, e ele se põe a gritar, acuando meu corpo, sufocando a manhã fria.

E eu levanto, ligo o piloto automâtico e vou esperar o ônibus... quase uma hora, irrequieto, sem entender. Nada de ônibus, atrasos,  angústias e uma vontande imensa de ficar ali.

domingo, 21 de novembro de 2010

Apaixonado


Apaixonado por Goiânia.

Cada momento, rua estreita, viela, tumulto. A umidade que nos conforta. O céu bonito e sincero. 

Os risos dos amigos, as companhias cotidianas, os problemas contornáveis.

Solidez que desfacela, solidão que vem e vai embora.

Ah, Goiânia.

sábado, 20 de novembro de 2010

Blink 182

Casarão, Caldas Novas

Tá, é brega ter o msn da adolescência. O tempo passando escutando blink, as conversas com a Rafa.

Anteontem, na bagunça do quarto, encontrei o uniforme do colégio 7 de setembro. Deu um aperto no coração, vesti a camiseta.

Fiquei revirando minhas coisas, sentindo uma saudade de mim.

Cada detalhe que percebo quando paro para essas coisas. E a paixão continua, mais ardente do que nunca, próxima e cotidiana.

E a caipirnha do Dóris me faz escrever essas linhas e guardar esses momentos para lembranças futuras.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Luiz Hermano. Capacete II /helm 1994 cobre/copper 55x30cm foto: Vicente Sampaio


"Não sei... 
se a vida é curta ou longa demais pra nós, 
mas sei que nada do que vivemos tem sentido, 
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silêncio que respeita,
alegria que contagia, lágrima que corre,
olhar que acaricia, desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, 
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não 
seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira, 
pura...enquanto durar....“ 

(Cora Coralina)


Deixa eu ser o colo que te acolhe, o abraço que te envolve e o olhar que te acaricia?

sábado, 6 de novembro de 2010

Ressaca Moral

Peggy -  Medman

Nem, nem, nem.

Evitei levantar da cama com sensações de culpa... Acho que está mais pra dever cumprido.

Mas é bom exceder eventualmente e se perguntar o porque de termos feito isto ou aquilo.

Intensidade de leve. 


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Está pronto?


A gente sempre se pergunta se estamos prontos? Se nossas pernas cruzarão aquele obstáculo... Se vale a pena se expor.

Eu me pergunto se quero, se topo, se me desafio mais e mais. Eu não me pergunto muitas das vezes, outro responde por mim, outro que habita meu corpo, divide o espaço tão compacto, mas tão infinito.

Desafios que as vezes nos impeli a ir pro escuro, buscar abrigo quente, sem sons. 

E preferiria que a resposta pudesse ser dada com um X, mas é demasiada discursiva.

domingo, 24 de outubro de 2010

Detalhes

Ignorar os especiais cafonas de Roberto Carlos na rede globo e ouvir os detalhes da voz de Bethânia...

"Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dilma


No primeiro turno não votei em Dilma. Mais pelo desejo de votar em Plínio, voto do qual confirmei com um eufórico orgulho, do que um desdém à petista.

No segundo turno voto em Dilma e espero que ela ganhe. Apesar da tristeza que me toma em perceber os rumos dos debates eleitorais. Principalmente: o fracasso da democracia e as investidas do "partido da imprensa golpista".

Em um país onde esgoto universal parece conto dos irmãos Grimm, a saúde rasteja e a pobreza extrema ainda é assustadora, fico atormentado em perceber grupos religiosos pressionando a candidata ( e o saco de batatas do Serra) para se posicionarem contra o aborto.

Veja bem, a questão não é nem legalizar, mas descriminalizar. Apesar que com muita "fé" Dilma e o legislativo tratarão aborto como problema de saúde pública e desenvolverão medidas nesse sentido.

Acho lindo ela rezar, dizer que é avó e mãe. Só assim pra se conformar à tão ungida moral brasileira, aquela mesma moral que se sentava na frente da TV no domingo a tarde e se deliciava com o striptease  da dançarina do companhia do pagode.

sábado, 16 de outubro de 2010

"Fui contar praquele estranho que eu gostava de você"


Nesse verso da Tiê há profunda identificação com o que costumo fazer.

É tão bom a opinião de terceiros, que nada tem a perder ou ganhar em dizer faça isso, não faça.

O melhor da música é esse trecho... Tão evidente:

"mas confesso não cabia enxergar tantos sinais".


E fica o toque, ou a dica.

sábado, 9 de outubro de 2010

Noites Cariocas


Quando estou no Rio é algo como me perder. Perder em mim. Contemplar, fruir.

É caminhar pelo calçadão de Copacabana, andar de bicicleta pela Lagoa. Encontrar amigos, sair sozinho, embriagar-me contidamente.

E nas delícias desses dias, na leveza das noites, no sabor do cotidiano me encontro.

Encontro e aceno, cumprimento-me e sorrio... Nessas noites cariocas.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Cabeça em chamas

Rosângela Rennó

Cabeça chama, o corpo se nega. Não responde; em tempos de msn está off-line.

Cabeça em chamas, vultos, presságios. Os pés cá estão, aceleram, querem correr.

Retorno.

E eu retomo, retomo. Uma quase punição.

Um frescor em saber que é bom viver dia a dia, como bem disse Mário Quintana. Ele disse também que "a vida assim jamais cansa".

E cansa? E quando cansamos de nós mesmo? Ou quando a Maria Eugênia canta "eu tentei fugir de mim, mas aonde eu ia eu tava"?

Impossível fugir de "mim".

Então faço as pazes.

sábado, 2 de outubro de 2010

Resenha


Em tempos de produção de texto jornalístico (onde as resenhas, artigos e notas brotam o tempo todo), fica a vontade de escrever sem compromisso, ou ao menos sem um rigor.

Ontem assisti o filme "L'homme de sa vie". Curiosamente não sei se baixei o arquivo, se peguei de alguém. O fato é que não lembro a origem do mesmo e a razão de tê-lo no computador. 

Vi.

Senti.

Ouvi.

Visualmente encantador.

Deliciosamente possível.

Uma experiência a dois, por favor. Não dá para apreciar tais cenas e não ter com quem compartilhar... Apenas uma pausa pro cigarro, momento suave de introspecção e digestão de uma história que borra as fronteiras entre sonho, realidade. Alcança novos limites e permitem as frases não se completarem nas sombras da parede.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Liberdade Absurda

Lygia Clark. “A Casa é o Corpo: Labirinto”, 1968. Reprodução fotográfica de Elisa Guerra e Vicente de Mello inMILLIET, Maria Alice. 1992

Umidade no ar favorável, por si só, transforma meu dia.

Acordar do lado de um amigo, igualmente.

Comportar-me como um menino, tomar o café da tia, falar bobagem, na mesma medida.

Ir ao clube que tanto fui na infância, mergulhar em uma profunda piscina e não conseguir conter-me no corpo é indescritível. Melhor ainda é dar-me conta que há tempos eu não me abraçava... Despretensiosamente. 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A chuva chegou


O dia nasceu um pouco cinza, um tanto belo. Ventos modestos... A tarde chegou com cara de manhã.

Expectativas.

O coração da goiana, do goiano clamam pelas águas dos céus.

Na tarde ainda sufocante acompanhei cada movimento externo. Defronte a janela ficava a imaginar que deliciosa sensação se caísse um pouco de chuva. Inesperadamente chove, entusiasticamente saio da sala, vou pro corredor contemplar o jejum, o fim da seca, a umidade.

E o dia não poderia ser mais apropriado para uma comemoração.

O cansaço não foi suficiente para impedir uma sessão no cultura. E que essas sessões se repitam... repitam.

sábado, 25 de setembro de 2010

A Crossdresser

Grande Hotel - Goiânia. Disponível em http://www.igr.com.br/index_inner.php?target=gyn.htm

Noite quente. Afirmação redundante tratando-se da princesinha do cerrado.

Noite intensa. Definição excelente para os três meninos imersos na rua do centro, ao som do coco, do chorinho, regados por latões de cerveja. Olhares, danças, suor. Risadas, entregas.

E naquele ponto do álcool fomos revisitar o passado de cada um. As armadilhas arranjos afetivos, do ego, das vontades mimadas que nutrimos. Antes de entrar em casa conto uma pequena narrativa que vi na noite anterior:
uma pessoa de peruca loura, em um carro, a perigo. E eles ficaram intrigado.

Eis que essa mesma figura nos aborda, partilha experiência, conta do "bofe" que a fez comprar fraldas descartáveis, linguiça e outras coisas no Bretas. Ganhamos um par de salto alto, dicas e conselhos. Mais ainda, ganhamos um tempo para nós mesmos. De reiteração dos carinhos, da importância de cada um (ao seu modo) no cotidiano.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Veja bem


Noite com um tributo de Los Hermanos. Tentação para ir. Beber um pouco, com menos receio, com mais certeza.

Revirar as letras, admirar os pós-adolescentes com seus metais e timbres.

Esperar os pêlos dos braços aproximarem-se naturalmente, com um impulso da multidão.

Agora é só o telefone tocar. 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Abra seu coração e volte a pensar na possibilidade de amar

"Knuggle Dome for James Joyce", Rebecca Horn

Sim, eu leio horóscopo. As vezes com alguma freqüência, outras passo por uma longa ausência.

As vezes quando conheço alguém que desperta um interesse sou até capaz de arriscar uma combinação astral.  

Por falta de outras crenças, uma leitura astrológica cai bem. Ao menos desperta um sorriso sorrateiro, uma descontração.

E hoje, ao consultar o esotérico, eis que surge a sentença que nomeia o texto: "Abra seu coração e volte a pensar na possibilidade de amar."

Engraçado, não me lembro de ter fechado o coração, tampouco olvidado a idéia de amar. Contudo, as expectativas nutridas e as idéias de romance transformaram-se ao longo dos dias.

Não só as idéias, mas a gramática afetiva; as dinâmicas do amor, do querer bem. Tantas coisas em jogo. Tanta obsolescência. Uma busca pelo novo, ineditismo de corpos, tatos, toques. Pouco afeto? Não sei.

Todo mundo fala no tempo, ou melhor a falta dele. Essa corrida rápida, linear. Pelos caminhos ficam almas e amores. Amores embrutecidos, que não deram certo, desfeitos por uma sms, por um bloqueio no msn, pela inalcançavel voz, pela demasiada projeção. E o tempo tapeia-nos e oferece uma sensação de nos aprisionar nas narrativas de nosso egoísmo.

Por isso prefiro, hoje, sister winter de Sufjan Steven. (Mesmo que não haja inverno, especialmente em Goiânia)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

coisas




Coisas que sabemos.

Acordar bem cedo. Ser ejetado da cama, só assim se torna possível enfrentar o dia e esquecer o jeitoso convite do travesseiro: fique, fique.

E uma colega de trabalho por esses dias disse que era muito difícil nosso cotidiano, as diversas pessoas que travamos algum tipo de relação. As dificuldades dessas tantas "interpessoalidades". E o quanto o descanso (isso foi após um feriado) era fundamental para darmos continuidade e trato do dia-a-dia.

E para renovar as seqüências de horas vi uma ótima exposição no Museu da imagem e do som, ritos e retratos.

Voltei bons anos, pra não dizer que me senti uma moça, junto com o dudu e o osmar, em frente um comércio na rua 8... ah, os anos 40.

Duas fotos que merecem aqui estar:

Uma instalação que relembra uma sala de estar, de onde vem um som delicioso. São músicas que compõem o acervo fonográfico do mis. A outra é de uma imagem plotada no início da exposição. Vale a pena uma tarde para apreciar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nas coisas mais simples que você tocou



Falava há pouco com o Vinicius. Precisava escrever, digitar, construir frases. E ele interpelou: escreva no blog. E eu prontamente respondi: preguiça!
Ele ainda sugeriu que o tema em questão fosse a tal preguiça.

Em verdade não sei bem se é preguiça. É, por certo, medo. Medo de quê? Que invadam a casa novamente? De deixar o calor dos dedos no teclado denunciar uma nova paixão? De não me reconhecer no que escrevi daqui um tempo?

Inevitavelmente coloco um som, sobre "você", lamúrias, amores despedaçados. E entorpece: Nara Leão. E é incrível essa sensação de desespero. Tanto pelo atribulado fim de semana quanto pela letra agonizante de "Por causa de você".

Um trecho específico diz: "Ah, você está vendo só
Do jeito que eu fiquei".

E um tanto é isso mesmo. A capacidade das outras relações que tecemos no cotidiano me deixar do jeito que "eu fiquei". E não é pra distribuir culpas, acho que mais para agradecer uma conversa tão intensa, verdadeira e confessional. Mesmo que o interlocutor necessitasse exprimir aquilo tudo, se possível em alto-falantes. 

O que dói é o desafio de si mesmo; a tão implacável fronteira desenhada por nós mesmos.

E eu francamente me perdi nas linhas. Mas acho que consegui... Escrever um pouco.

ps: não consegui ser mais sútil na referência visual. "Dançando no Escuro"

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

04/08


Olá, tudo bem para nós? Ou há demasiada insegurança em tudo que fazemos?

Por certo confrontar o olhar era, como mesmo ele diz: tenso, isso!

Tensão?

Mais que isso. Vontade de fugir discretamente, mergulhar pela janela enferrujada, sorver as angústias e depois eliminá-las.

E as palavras eram caras e suturadas naquela boca. Quatro pontos cruéis. 


Imagem: luise weiss

terça-feira, 22 de junho de 2010

fotocicatrizes

                             Thaniel Lee
 
Se o corpo me perturba, inquieta, faz eu pagar multas astronômicas na biblioteca. 
E os retalhos que junto nesse caminho, assombros, medos, ressalvas, receios.

A parede que olho sem espelho, a procura de uma legitimidade inatingível e quem em verdade pouco me interessa. E a surpresa chega sorrateira, inesperada. A revista traz novos olhares, mais dúvidas, agonias, corda no pescoço?

E mergulho como se fosse lodo ou águas desconhecidas, quero afogar para viver.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O que dizer?


Na aula do mestrado o professor comentou que escrever se tornou quase mecânico... Onde está a criatividade? Espaço cativo de poetas, cronistas e guardiães das letras?

As vezes é torturante escrever algo sobre o que não gostamos (ou que não seria tão bom no momento). E pra escrever o que é preciso? Uma forma limitadora... A abnt, o formalismo e todos os agentes moralizantes e traumáticos do processo de tessitura textual.

E pensando na belezura de algumas canções (e porquê não arriscar fazer um texto inspirado... o som bem baixinho, pra não espantar a concentração) deixo uns versos do marcelo camelo, que na voz da Roberta Sá ficou uma delicadeza.


Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo
Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais
(...)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

as canções que você fez pra mim


É incrível a possibilidade do perto/longe. Do visual, da barba distante, do inglês mediado pelo translater.

Mais ainda essa sensação de multidão e dos fluxos que nos conduz. A sensação de perda eterna e de um correr atrás infindável. E por fim, o que nos caracteriza pela compulsoriedade do devir.

E na proposta de uma agitada saída noturna, abdico em razão da voz de Bethânia no youtube e as muitas canções que ela fez pra mim e pra tantos outros que o coração dispara ao ouvir suas notas.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Desespero

                                  Rosangela Rennó - Espelho Diário

Enquanto alguns gritam, choram, clamam... tantos rezam, veneram, proclamam. E cá fico a deixar o cotidiano deslizar. Ando perdendo o sentimento de culpa, de que deveria ter me entregado à exaustão.
Essa lógica de produção desenfreada, o ritmo da hipocrisia. Mas o alarme ainda soa, soa, soa.

De onde vem a calma? É uma canção do "Los Hermanos", mas é sobretudo o que busco e almejo. A calma onde há prazos loucos. A vagareza no lugar do desespero. Uma canção meio torta quando o ônibus não passa há vinte minutos.

E por que isso?

É esse o tempo pra viver, se apaixonar. Grudar no livro, fazer poesias bregas. Rabiscar o caderno ou escrever bobagens na carteira da faculdade. Rabiscar as mãos, a perna e rir ao se lavar.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Objetos de dor e desejo


O esquecimento, a avidez do cotidiano e um leve desinteresse corroboraram para que eu abandonasse por mais alguns dias o blog.

Deixo aqui o banner da minha pesquisa... temporário, em mutação, mas uma bela imagem (eu achei). E agradeço ao Lucas que transmitiu na arte o que eu exatamente imaginava.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Esconderijo


Mesmo com o cansaço circunscrito no corpo, o sono insistente e o alucinante dia dividido entre uma visita à cidade empresarial em Aparecida,  idas e vindas de médico, repartições públicas vintages, queria sair.

Não era qualquer saída, sem justificativa. Não ando caindo na "noite" nem nas convencionais sextas e sábados, quiçá uma quinta-feira. Mas o encanto e a vontade de ir no tributo aos Los Hermanos viam desde segunda, quando fitei no pátio da fav um cartaz preto e branco.

Companhias queridas, Lucas e Bruna. Entre as cervejas que eu não podia tomar e alguns versos que eu tentava lembrar senti-me deliciosamente vivo. Ando afetado (de afeto) pelo cotidiano, pela leveza, pelo que ando lendo. E com as frases que marcarão minha vida, como a inesquecível "há beleza em tudo" referida por uma elegante professora.

As poéticas do comum, do introspectivo, dos diálogos que travamos em nossa sala de estar mental. O trânsito de idéias, "os humores", as oscilações de expectativas... Mesmo no caos, na BR 153 que corremos, há a confortável calmaria que se acende ao contragosto do agora.

O melhor é conseguir acordar após dormir as 3 da manhã e estar aqui, no campus. Mesmo que me obriguei a entrar em casa e dormir, pois o personagem flaneur que encarnei, ao espiar a dona travesti debaixo do pé de árvore, gostaria profundamente de continuar exercitando o olhar. Mas a Márcia já disse: "há beleza em tudo", inclusive no fornicação alheia.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Ah... Essas aulas

                                            Art Break: pastiche e diálogos com a arte


Essa tripla rotina de estudante de graduação, de mestrado, professor ( e ainda o ser-tão) deixa, às vezes, uma sensação de asfixia (o tal do tempo)...

Ao mesmo tempo uma completude, uma feição de alegria e cansaço ao fim do dia.

Hoje, durante uma aula de metodologia com a professora Leda, fui infectado mais uma vez pela cultura visual. Especialmente pelos posicionamentos tão sofisticados e apaixonantes da docente.

A metáfora com os tecidos foi bela, poética... Um campo de conhecimento em construção, que se permite um afrouxamento, os deslocamentos (que não abandonam o terreno de origem) e as tantas perguntas: o que quero com a cultura visual? O que ela deseja de mim? O que seremos nessa vivência de sujeitos de pesquisa.

E esta constante paixão continua, o casamento se anuncia. 

domingo, 16 de maio de 2010

as angústias dominicais


Sempre lembro dos domingos com uma certa resignação. Quando criança era pela ausência de desenhos e pela overdose de esportes que tínhamos em casa. Além dos entediantes faustão ou gugu que era obrigado a ver.

Era, também, mais um dia sem ver os amigos da escola. Um tempo depois converteu-se em dias de experimentar as consequências da noite anterior.

E hoje?

Soa como um alarme, desbaratado, ruidoso e pesado. O primeiro dia da semana que vem, com tantos traços soltos para ir costurando. E acabo por não fazer parte do que planejei. Para a cobrança dos outros e para minha auto-punição.

E a proposta de levar a vida "mais leve" como num vídeo publicitário fica cada vez mais distante... No plano das idéias.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A primeira conversa

                                           Nazareth Pacheco, 1998

06 de maio. Quinta a noite. Em casa, errante na net, trânsito entre cozinha e quarto. A água com gosto de ferro do bebedouro do corredor.

E o telefone dela estava em minha agenda, desde dezembro. Em floripa tentei ligar, deixei um recado na caixa postal.

Deixei em espera por um tempo. Enviei email ao Tadeu Chiarelli, pedi intercessão à Maria Elísia e nenhuma resposta.

Assim, mágico, liguei! A voz... a mesma tranquilidade do documentário "gilete azul": "você pode ligar mais tarde, vou te atender, mas agora tenho visitas".

E fui ficando afobado, sem palavras. E aquela gentileza, carinho. 

Fazendo uma metáfora com aquele filme "Como se fosse a primeira vez", cada dia me apaixono pelo trabalho do mestrado, é sempre esse encantamento. E nesse dia me apaixonei mais ainda...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

E depois de tanto tempo...


                                                             Obra Marginal - Ana Rita Vidica

Uma das coisas que discutíamos ao voltar hoje da faculdade era a noção de tempo. Um tempo? Vários tempos? Como eu o percebo e de que forma ele passa para ti?

Em verdade, fiquei no silêncio, com meu próprio tempo. Nas tentativas, as vezes bem sucedidas, de poetizar o percurso pela marginal botafogo, entre as árvores que abraçam aquela linha de sucata que se movimenta ao álcool ou gasolina.

E o tempo?

Desde janeiro não escrevo por aqui. Rabisco minha agenda, minha desordenada bagunça, as cadeiras, o chão, a minha pele. Hoje mesmo escrevi quase que por completo a letra de uma música. E há tempos pensando em postar.

Um plano era criar outro blog, e que ele fosse tal qual um registro das aventuras da dissertação. De um lado ficariam os segredos e sabores íntimos e de outro as dificuldades e entraves do mestrado. Mas desisti da idéia, apenas troquei o nome do endereço. É inegável que outro rumo ele tomou e eu já não queria carregar aquele nome. Esta mudança foi suficiente. Ao menos por agora.

O dia começou com a visita aos "passeios" comerciais da avenida anhangüera, que rendeu bem mais que ouvir aquele hino evangélico e comprar o cabo para o computador. Os motivos de comprar aquele piercing ainda me são estranhos, mas essa leve dor que eu sinto talvez diz que eu não deveria ter tirado, desde aquele 2003. O sol forte, a amiga dani ao lado e a impossibilidade de comer o cachorro quente ao fim do colégio.

sábado, 16 de janeiro de 2010




Esse desencanto pós-viagem é, de certa forma, interessante.


Depois de tantos dias com as preocupações minimamente reduzidas, mais centradas nos desafios do dia, na mobilização dos amigos para que acordem antes das duas da tarde para irmos à praia...


Voltar pra Goiânia ou a idéia de o fazer causa um desarranjo, uma inquietação. Gostaria de viver assim, sem rumos, errante, cada semana em um lugar. Longe da falta de poesia do dia-a-dia, do enfrentamento necessário, da gestão de crises (como eu diria se eu fosse um RP, rs!!).


Ficar em Caldas Novas, seguramente, assusta ainda mais, desconforto...


Então para onde, José?!


O jeito é lembrar de Vanessa da Mata:



Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Asuncion




O sol estava quente, familiar. Ardendo. Cidade amarela como Goiânia.


Uma curiosidade, vontade de chegar. Primeira passo foi conquistar nosso 1000000 de guaranis!!!


A calle palma tornou-se uma fabulosa surpresa. Um toque dos anos sessenta. Carros antigas, música pelas ruas, rumbia, salsa, sanfonas.


O sotaque espanhol trouxe mais uma vez a terra de goyazes nas lembranças. Um R muito bem entonado, forte, porrrrrta.


Cantamos em um karaokê. Osmar resgatou é o amor, me rendi ao vinicius de moraes e arrenhei onde anda você.


As praças, o comércio, tudo bem tranquilo, sereno. Nada de pressa ( só os barulhentos carros)! A única coisa que incomoda é o olhar agressivo dos policiais, talvez herança de um país que saiu a pouco de um regime ditatorial.


Sob uma fina chuva apreciamos um pouco de Soledad, uma cantora argentina que encerrou os festejos de Asuncion, capital americana da cultura do ano de 2010.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Paraguay




Para não desfacelar a tradição de não organizar malas, deixar para os últimos momentos e chegar esbaforido no local de embarque continuo aqui, calmamente, aproveitando as últimas horas na ilha da magia.


Estas quase duas semanas foram muito boas, momentos de bebedeira, reflexão, afagos. Conversas por telefone, saudade dos amigos do cerrado. E histórias que pelo seu teor terei que esperar os netinhos crescerem um pouco mais para contar.


As pessoas perguntam o porquê de se conhecer o paraguay, eu replico: por que não? Na tamanhura do nosso país nossos hermanos estão pertinho, algumas horas de ônibus e estamos lá. E ai sim poderei responder o porque de se conhecer o país, pois gostar de lá será o mínimo que poderá acontecer. 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010




Nos movimentos exagerados, a pouca luz, o som exustivo.


Formas perfeitas de ignorarmos uns aos outros, mesmo que esse silêncio tumultuado que travamos em nosso interior seja indescritivelmente delicioso.


Como diria a sábia filósofa fergie são coisas "de mim comigo mesmo".