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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Viajo porque preciso...


Nesse ano tive algumas viagens. Algumas para mim e meus amigos. Mas a maioria com o intuito acadêmico. Comecei janeiro em Florianópolis, ao lado de dois amigos. Uma viagem onde sobretudo aprendemos a nos respeitar (ou nem tanto, mas isso depois que voltamos).
Treinamos a paciência, a percepção do outro, a dificuldade dos relacionamentos, os humores.

Logo depois, em um ímpeto de loucura, decidi ir para o carnaval do Rio de Janeiro. Fui sozinho, encontrei amigos, tomei chuva, reencontrei um moço argentino, me senti em uma música do Chico Buarque.
Em maio fui a Londrina, em um congresso de Ibagens, rs! Gostei muito, especialmente das conversas, aprendizados, a possibilidade de conhecer a artista que eu pesquiso as obras.
Em junho fui à cidade de São Paulo. Viagem amarga, fui levando rusgas e mágoas de um amigo, fiquei angustiado, vontade de voltar ou de sumir na multidão.
Um pouco antes, um grupo de garotos e garotas foram se deliciar na cidade de Goiás. Entre um show e outro, muitas conversas, intimidades, abraços, saudades.

Julho decidi ficar quieto, preso em minha qualificação de mestrado e atento à seleção de doutorado.
Setembro era uma viagem que eu não desejava fazer. O tempo no avião, a estadia na cidade, tudo me assustava. O Rio de Janeiro me devorava. Sai da prova quase desmaiando. Uma sensação de que tirei grande parte do havia dentro de mim e que despejei naquele papel. Perdi a noção do tempo, a primeira questão me consumiu 3 horas e a segunda tive menos de uma hora para elaborá-la. Não tive tempo de reler minha segunda resposta, tão pouco revisá-la. Sentimento de frustração, de não ter gerido o tempo a meu favor.

Até a divulgação do resultado senti-me tomado por uma angústia, uma ansiedade, envolto de cálculos mentais para ver se atingiria a nota mínima. Consegui um pouco mais que o mínimo e um pouco menos que o máximo. Agora a ansiedade se multiplicava, era o projeto, a entrevista, a aptidão em línguas. Mais duas viagens ao Rio em Novembro, depois Palmas, Pirenópolis. E eu aqui sentado, antes de mais uma viagem lembrando de tudo. Mentira, apenas fragmentos...

E tomando emprestado o título de um dos filmes que mais gosto. É assim: viajo porque preciso... volto porque te amo. Mas para onde volto, onde é o retorno. Amo alguém a ponto de viajar e desejar aos seus braços estar em um possível regresso. Viajo e conto os minutos, os segundos?

Não sei.

Viajo com meus amigos. E do que preciso? Beleza e leveza para terminar minha dissertação.

Não sei se foi a escolha mais acertada, ir para Florianópolis para concluir tamanho desafio. Mas acredito, preciso acreditar.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Céu de Goiânia


Quando deito em minha cama posso escolher entre ignorar o que está lá fora, enquadrado pela janela, ou posso  olhar atentamente para alguns detalhes do céu dessa cidade. Se olho para fora, vejo as vezes mais do que quero. Posso olhar uma ou outra luz do prédio em frente, a sacada ornada com samambaias e outras pteridófitas. Mas se há razão para evitar um olhar mais detido e demorado é porque ela emana sufoco e as minúcias de algo que se acabou.

Certa vez, nessa mesma janela, ficamos contorcidos por um tempo. Um breve tempo, menor, pequeno, sem necessidade de contas ou cronometragem. O que nos interessava era mais a ação, e por conseguinte a cumplicidade, do que a duração, que via de regra é efêmera, para não dizer rarefeita. 

E ele se alimentou da minha comida, deitou em minha cama, assistiu meu filme.E foi embora, simplesmente. 

"me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher."


Não satisfeito de todo esse abuso, esse posseiro arrendou a terra e depois partiu. Colonizou, para não cuidar, não plantar. Colonizou pra perceber que tantas outras terras sustentam seus pés e correr mundo, boca, corpo, colo, saliva, sêmen é o que o leva dos meus frágeis domínios.  

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Curtas


Se quando eu tivesse doze, treze anos... Quem sabe menos. Seu visse um desses filmes, desses videos. Tantas referências positivas, teria sido mais fácil. Hoje é fácil, fácil e maravilhoso. O medo é de pensar nas casas onde não esteja tudo bem. Na escola que ainda professa o ódio e a intolerância. No "kit" que não vai chegar no ensino público, pois em nosso país odiar está na moda.

Não gosto dos meninos

Não quero voltar sozinho

domingo, 24 de abril de 2011

Uma páscoa


Há tempos que certas datas são indiferentes para mim. Já passei natal na praia, com um amigo. Dia das mães e dos pais sem me dar conta que era a data, lembrando apenas pelas insistentes reiterações dos meios de comunicação.

Nessa semana santa foi assm, apenas dias mais ociosos, companhia de amigos. Lembro de uma vez que passei parte do feriado "santo" rumo ao Piauí.

Sinto uma certa artificialidade. Reprodução de tradições de maneira automática, sem reflexão. Tendo uma vertente marxista: uma celebração do consumo. Corra ao shopping e faça alguém feliz. É esse o slogan até na "ressurreição" de cristo!

Não quero ovo de páscoa, não quero chocolates suiços. Quero ficar assim, nessa preguiça gostosa, na tarde que cai docemente, naquele abraço íntimo do amigo que voltou ontem de viagem.

sábado, 23 de abril de 2011

Um bom filme iraniano


Pode parecer petulância quando respondo sobre cinema. "O que prefiro"? Um bom filme iraniano, as delicadezas do cotidiano, o pesado dilema da vida. Cores latinas, películas francesas. Um olhar menos domesticado. Onde não haja explosões, perseguições policiais e nem uma beleza tão previsível de corpos.

E sigo assistindo esses filmes. E a vida aos poucos torna-se um filme. Há tempos que tenho o blog como confissão. E sei que poucos o lêem, por isso ouso expor detalhes.

Um cara que mora no mesmo prédio, que há tempos deixei um bilhete em sua mesa. Aquele bonito rapaz de 1,90 de altura, em uma fila de restaurante. O outro de 7 ou 8 anos atrás, ali no posto da 84. Um dos primeiros namorados, que chega de repente, não anuncia, se sente no direito de entrar, sorrir, dormir.

E essas coisas me assustam. Dão medo. E causam algo muito maior... O desamparo.

Tantas conversas diferentes, tantos cheiros diferentes. O beijo, o toque, as expectativas. E no meio desses todos, um marcou. Meus amigos dizem que sou dado as paixões efêmeras, e sei que é verdade.

Mas ele foi tão titãs: "você apareceu do nada e você mexeu demais comigo, não quero ser só mais um amigo".

E ontem fiquei assim... Liguei, mandei mensagem. E nada. Hoje, em uma rede social qualquer, uma mensagem, na verdade uma pequena frase "atração recolhida". E só, coisa nossa, frase nossa.

E não quero acreditar que foi só  uma vasão a essa "atração recolhida". Foi bom demais, ao menos para mim, para ter sido só uma noite. Só aquelas conversas, só aquela máxima intimidade permitida por algumas cervejas e pela fome dos corpos.

Ah, moço. Surpreenda-me, mande uma mensagem!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O menino estranho

Manoel de Barros

Ontem eu estava estranho. Mais estranho que o habitual, agarrado em mim em um leve desespero. Tive que ir ao banco, cruzar avenidas encharcadas, correr contra o relógio.

Sufoco.

Reencontro.

Um abraço afoito, com ênfase, um frenesi. Não entendi muito bem, posto que não nos vemos/conversamos há tempos... Não, não. Não me refiro a uma ausência que gera euforia no reencontro, falo de um afastamento doloroso, tácito.

Mas foi bom o abraço, e talvez até mesmo aquele telefone. Quem sabe aquela grande amiga, da cadeira de trás, do ensino médio... volte!

Árvore - Manoel de Barros

Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus
seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor
o azul
E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos. Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas. 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Palmas


Esses dias em Palmas se reconfiguram de distintas maneiras, em um ano que se inicia.
Primeiro, a possibilidade de ressignificar um lugar que quando conheci tive verdadeira aversão.
Segundo, por ter um tempo tão necessário para rever o que ando fazendo, sentindo, pensando.

O clima é de chuva. Ontem, inclusive, senti frio!

No instante que escrevo chove, e muito... E eu lembro de uma canção, e ela assim diz: "lava minha memória suja". E é bem isso, ando lavando minha memória suja. Não me refiro a pecados ou conservadorismos morais, mas sim aos monstros que crio, que alimento, que fantasio. Vou ganhando um pouco de fôlego e passo a perceber que as coisas são mais simples que parecem. Que se for leve, o cotidiano é poético e aconchegante. Um email é só um email, e as hierarquias estão aí, no amor, no trabalho, nas amizades. Não estou conformista. Estou meio "palmas".

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fotografia

Repetitivo se eu disser que gosto de Rosângela Rennó e se postar um trabalho aqui?

Rosângela Rennó - Ataque à Dama, série Alice, 1987-1988 - Fotografia em papel de brometo de prata, 27 x 35 cm

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

El Cordobés


Se existe algo bom em fumar, com certeza é a possibilidade de uma aproximação para acender seu cigarro.

E ele ali sentado, com seu "jeito" de argentino. Con su pelo argentino...

E ele replicou: "que, brasileños, tiene el pelo corto".

Os "cambios", as saudades, as expressões que um adora no outro (lindo, eu, bonito, ele).

E eu o perguntei porque raios não sou argentino, porque não sou cordobés, e ele faceiramente diz: porque te quiero así.

E sigo meio bobo... Meio Vinicios.