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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

já chegamos!

Ainda sem palavras para descrever o que sinto em Buenos Aires!!

Estamos em Palermo, já bebemo uma cerveja quilmes e colecionamos muitas historias divertidas, que em muitas linhas podem dizer um pouco desta viagem!!

Vamos fazer uma "pasta" e tomar um autentico "vino" argentino.

.....

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Buenos Aires, Te quiero


Tarde, tarde. Um leve nervosismo, um pouquinho de ansiedade. Quase tudo pronto, inexplicavelmente arrumei as malas bem antes da viagem. Cá fico a pensar nas coisas boas, admirando a última noite em Goiânia. É promessa de vida no meu coração, isso disse Tom de forma muito acertada. E só tenho motivos a olhar a volta e lançar ternos olhares aos meus próximos. Pessoas que conquistei, e tenho demasiada alegria em partilhar a vida. Pessoas que amo de forma intensa. Li no blog da Rafa um trecho do filme Lilo e Stitch, quando preciosas lições de família são transmitidas. É isso que sinto também Rafaela, família nunca abandona, e estamos aí comprovando esta máxima.

Os parafusos assumiram o compromisso de admoestar a manhã. Tenho que consertar o carrinho da mala que cedeu na ida a Belém. Encasquetei que preciso de um par de havaianas brancas. E tem a companheira proteina texturizada de soja, que compraremos em grandes pacotes no mercado central.

O livro mais que especial que devemos ler, e o que mais quero é saldar as dividas afetivas, compensar as duplicatas que tenho com um outro coração. Nessa liquidação de dívidas, temos como moeda corrente abraços,beijinhos e brincadeiras com nossos corpos. Entrelaços, aconchegos, tesão. Aguardo mais o fim de semana em São Paulo, alí está parte dos meus motivos, está a beleza de muitos dos meus dias.


E Buenos Aires? Será outra narrativa...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Vou deitar e rolar


Imersão no interior goiano. Saí de Caldas Novas as 9:30 da manhã, fizemos um caminho alternativo, primeiro Ipameri. Ví nos sufocos arquitetônicos um vento de art déco. Mas os vícios escandalosos do comércio não deixavam os prédios respirarem. Um gritar forte, as ruas e suas pedras. A estrada de ferro. E eu querendo ir, não aguentando a espera. Pires do Rio, acho que também por Cristianópolis.

E Bela vista, que de bela possui apenas o nome.
Senti Goiânia por alguns minutos, fui até Anápolis. Alí, apesar de algumas ressalvas, é um lugar agradável. É bom ver o amigo de infância, que ainda é amigo e que juntos carregamos similaridades, boas histórias e sempre elásticas conversas.

De volta a cidade mãe, encarei um de ses terminais, mas cheguei bem, bem até de mais.
Descansei, vi um pouco de Simpsons, e uma fala espetacular me marcou.Lisa e seu avô reclamando que nada que diziam era ouvido, Homer chega e solta a máxima: tenho entre 18 e 40 anos, sou branco, heterossexual, americano, tudo que eu disser será ouvido, mesmo que seja bobagem. Uma frase e tanto neste fim de ano.

Na surpreendente madrugada, a boa companhia de Ana Júlia e Bruna, um filminho bom e uma entrega sincera ao colchão.


E o coração, ele se entrega.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008


jorge diz: os signos são animaizinhos vinicios são nossos amiguinhos cancer é caranguejo peixe é peixe e por aí vai

vinícios diz: hueheuhe

jorge diz: você vê que é um peixe com ascendente em caranguejo dois signos de água teu amigo tem o signo de fogo que é áries áries vem de agnes, carneiro e carneiro é um bicho difícil não sei se você já tentou montar num carneiro?

vinícios diz:
ainda nao tive a chance

jorge diz: eu também não mas imagine

vinícios diz:
to imaginando

jorge diz: então olha DESISTE DE ENTENDER! NÃO TEM NADA PRA ENTENDER !

domingo, 21 de dezembro de 2008

colla


Uma crônica, ou como queiram chamar:

Contar a alguém meias verdades causam sérias perturbações à mente. Tratando-se do ritual da conquista o terreno é arenoso, pouco confiável. Pois bem. Nas odisséias margens aos centros, na busca por novidades, a vontade de tomar o mundo pra si. Mesmo que seja pouco, garantir motivos, alimentar desejos, buscar, se é que existem, sentidos. E a verdade é assim, repetidas estórias, assuntos e reiterações garantem sua validade. E quando por acaso surge na vida um desses sentidos, motivos ou como queiram chamar? O que fazer? Seria de bom tom que os programas de culinária também nos ensinassem a lidar com estas questões. Entre a receita de um manjar de maracujá ou uma tapioca com doce de leite, boas notas para os conflitos, passo-a-passo. As canções que ouço não ajudam, aliás, por demais atrapalham. Ficam incitando uma comoção, uma sofreguidão, quase o mal do século da segunda geração do romantismo brasileiro. Nos cabe ler viagem e vaga música de Cecília, aumentar o som do mp3 em faixas da vanessa da matta, e emburrar porquê o crepe vegetariano ainda não chegou. E o que ele espera do rapaz? Gostaria de saber, se soubesse não guardaria segredo e contaria ao vinicios. Não sei a razão de falar em terceira pessoa, mas enfim nem sei o que de fato quero aqui escrever. Mais que um goiás de amor carrego em meu peito, já dissera osmar. Não sei se um goiás, visto sua extensão avantajada. Talvez um Pernambuco,ou quem sabe uma Santa Catarina. Ah, sim, ela: Santa Catarina: com seus lindos mares, sua formação rochosa ímpar, sua simpática capital. Falando em unidades da federação e parafraseando Carlos Drumond, ah uma minas em nosso caminho, e é ela, a Gerais. Se querem que confesso, sim, conto a verdade. Mas pode ser em seus ouvidos? Ao som da música que você escolher, da cerveja que quiser: bohemia! Até o cigarro, contraditoriamente é catalisador da saudade. O gosto mentolado, o jeito que pedes para que eu o acenda. A verdade é simples, coisas de poucas palavras. Não sei se é verdade ou pedido, ou previsões. É para que não se ausente, que dance mais um pouco. Que me abrace, que eu possa vigiar teu sono, acalmar teus pesadelos, aninhar-te em meus braços. Brigar para que não fume na cozinha, e nu, juntos, prepararmos um bom macarrão.

O que mais queres? Diga.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

chuva


Cecília Meireles
A chuva chove mansamente... como um sono
Que tranqüilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente... Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine...
E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono...
Véspera triste como a noite, que envenene
... Num velho paço, muito longe, em terra estranha,
Com muita névoa pelos ombros da montanha...
Paço de imensos corredores espectrais,
Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas, Enquanto o vento, estrepitando pelas portas, Revira in-fólios, cancioneiros e missais...


A chuva caiu forte e persistente. Coagindo tudo e todos, implacável em sua fúria. Mas foi lindo, tentei me esconder entre bambuzais, em vão. Acabei todo molhado e por horas a fio em uma padaria. Cheguei no Dóris, consegui finalmente ficar seco , quentinho e confortável. Lembro de uma boa chuva que peguei em Salvador, achei a foto e senti uma pitadinha de vontade de colocá-la no blog. Parabéns Goiânia, por suas chuvas, belezas. Cidade que ainda não possui as pessoas que merece.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Desencontros


A vida é como alertara muitos poetas, sucessões, delírios, risos frouxos. Quem sabe um pouco de desencontro, aquele que fomenta a ira. Nada pior que planejarmos algo e ver em nossa frente se deteriorando, entortando.

Enfim, sem mais exageros as coisas não foram tão sérias assim. Alías, eu só queria que o dia terminasse bem, e de fato terminou.
A saudade é indecente. Um tanto imoral, sem nenhum decoro nos deixa longe, nos afasta do plano de realidade em que estamos presos.

Será que as pessoas que nutrimos estes sentimentos se dão conta de que os carregamos?
Oh, como diz o professor Luiz: que nossa senhora do balé moderno que se encarregue. Quero viajar, conhecer, explorar. E no fim de tudo, pisar novamente em terras goianienses.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Provas


Com a quantidade de coisas boas que surgem fico até apreensivo. A cabeça fervilha, as mãos ficam incontroláveis e mais possibilidades de crescer, produzir, vivenciar.

Ontem, como parte da pesquisa da Aline e por uma aproximação que se demonstra, visitamos Daniely no jardim curitiba. Cada palavra da jovem travesti me abalava, emocionava, transbordava em sonhos e desejos. Um basta pra violência, pra diferenciação fundamentada em normas de gênero e sexualidade. Danny, com toda certeza estudará no campus samambaia, e colocará a prova se de fato a universidade é um espaço plural.

Falando em provas, caminho tortuosos este. Não consigo entender muito bem o sentimento de possessão, insegurança e de constantes reiterações. E o que fere é saber que a sombra da dúvida nunca se afasta e que isso age como uma betoneira nos sentimentos bons e bonitos que temos por alguém.

Ah, que desassossego, que agitação que não quero. Quero apenas, como ja evidenciara cazuza, a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida.
Em caráter de mudanças, este blog sofrerá mutações benéficas. Um blog transgênico. Aguardem, e não é promessa de um futuro publicitário.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

302 Campus-Marista


Em uma postagem dediquei linhas para contar fatos de uma viagem de volta do campus samambaia.

Tenho que novamente falar desta linha de ônibus, mesmo que não consiga expressar o que quero. Estou transbordando de bons pensamentos.

Foi especial, bonito, intenso. Inesperado, suave, inacreditável.
As coincidências da vida, não por acaso, mas pelas idas e vindas. Ganhos imensuráveis, sorriso que me faz cantar e ouvir ao máximo a voz de Nara Leão.

mistérios...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Alter-ego


Emília, feita de retalhos de Tia Nastácia, é a previsão de uma revolução feminista? Ou uma vazão ao pragmatismo de seu autor?


Sem dúvidas, sua racionalização da vida, senso prático e objetivos reformistas vão de encontro com uma tônica positivista: ordem e progresso.


Seja em uma ardente contraposição entre campo/cidade, seja na insistência da busca pelo petróleo.


A busca pelo ouro negro causou confusão. Em um texto Lobato criou a companhia Donabentense, anunciando o primeiro poço petrolífero brasileiro. Tão estória causou um frenesi, tendo sido desmentida por autoridades.


Emília é mais que alter-ego, mais que objetivação e razão enfurecida. É a possibilidade de transcender conceitos e refletir ativamento sobre os múltiplos processos que nos circundam.

Na gramática, afrontando a língua. No céu desconcertando mitos, figuras, mentiras. No mar, enfim, na alma.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Surplus


Comportamento do Consumidor foi uma matéria marcante. A professora, elegante, com ótimas discussões. Um sorriso bom de se ver, surpresas em cada análise, debate. No começo do semestre assistimos 1,99. Um grande supermercado branco, asséptico, um lugar onde tédio e consumo se engendram. Na última aula assistimos Surplus.

Mais uma vez pensamos as relações de consumo, possibilidades de uma nova consciência e o mal-estar experimentado por um intenso número de pessoas. Seja na medicalização da vida, seja na psicologização das coisas.


Uma cena em especial transbordou em meus olhos. Uma fábrica de corpos. Sim, uma produção em série de corpos perfeitos, com material de silicone e inspirações hollywoodianas, para cristalizar a posse de um por outro.


O conflito do documentário parte dos protestos em Gênova, onde manifestantes revoltados com as grandes corporações, quebraram vitrines de lojas.
A estética de surplus é envolvente, entretanto alguns problemas, principalmente a tentativa de colocar Cuba como um modelo de socialismo a ser seguido.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Paulo Freire


Cavucando no arquivo digital, encontrei uma série de fotos de Paulo Freire recebendo pela UFG o título de Doutor Honoris Causa. Ao fundo, nota-se uma disposição arquitetônica de gosto, digamos, questionável. Enfim, o que importa de fato é o Déjà Vu.

Seria na Faculdade de Educação ou na de Direito. Ambos os auditórios são similares. Mas pelo cunho marxista da FE, e por se tratar de Paulo Freire é bem provável que esta cerimônia tenha ocorrido naquele espaço. Mas em contraposição, o Direito é o espaço das oficialidades, coronéis, "gente importante", gente meio Íris Rezende.

Paulo Freire é referência em muitos movimentos sociais, suas propostas de múltiplas pedagogias, um enfoque na emancipação e seus trabalhos no continente africano comprovam sua postura incansável e idealista. Um grande homem.

Hoje tenho mais dúvidas quanto a referência do Legião Urbana na música "Eduardo e Mônica".
"...ela gostava do Bandeira e de Bauhaus..." *Bauhaus: Vanguarda do design e arquitetura na alemanha que se iniciou em 1919 ou a banda britânica de 1978?? eita, nem o google deu uma força. Ficam os mistérios das citações.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Família de amigos


Quando conversas intensas ocorrem, pessoas especiais estão próximas, tudo se torna tão prazeroso.

Falávamos sobre motivos, sentidos, olhares. Felicidade por construir uma rede de solidariedade e afeto que se intensifica dia após dia.

Cada fala, posicionamento, ideologia.

Lembrando o documentário recente quereres, somos bem isso, um exército de amantes. O beijo é a grande arma, o abraço a bomba que é capaz de explodir qualquer ódio.

Sociedade do afeto é possível, principalmente por estar ao lado desses humanos .

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Noites mexicanas


Se somos a cultura imagética, temos então privilégios de apreciar tamanha sensibilidade estética. Frida desperta arrepios, dor, beleza, espanto. Cores fortes, com certeza fonte abundante de referências para Almodóvar. De tantos quadros viscerais nascidos em sua mão, prefiro não eleger um ou outro, fico com essa tarde preguiçosa, deitada manhosamente em uma rede em um canto bom do mundo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Manhã fria, chuvosa e de descanso


Ontem, após uma odisséia, do campus samambaia da UFG até o Jardim Europa, finalmente cheguei na casa do Osmar.


Coversamos, assistimos simpsons, vídeos no youtube. Edu e Vinicius também foram.


Sempre bom estes momentos. Despertar preguiçosamente, lembrar que não preciso ir pela manhã no campus. Fui com Osmar até a Católica, fomos ouvindo rádio pelo caminho. Um senhor comentava sobre o fenômeno dos blogs, a possibilidade de verdades, de confissões. Lembrei desse blog em que escrevo, e questionei-me da razão de o fazê-lo.


Não sei bem o motivo, mas foi tomando outro rumo, fugindo da proposta inicial. Não sei se está bom, pior, mediano, medíocre. Entretanto, sinto-me demasiadamente bem em escrevê-lo.

Fugi um pouco dos crônicas cotidianas, principalmente as de travestilidades. Elas estão de férias, voltam em breve.


Estou contente, radiante, uma amiga travesti passou na primeira fase do vestibular da UFG. Muitas possibilidades, e também sinuosos obstáculos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Santa Catarina


Pronto, os meios de comunicação que são nutridos por tragédias e desgraças alheias tem farto material para explorar.

E começa o choro do povo brasileiro, sua alma generosa e senso de justiça.

Modelos, atores, animadores de TV, cantores, todos num coro só. Ajudem, ajudem, ajudem.

A globo pra variar, está onde ninguem mais chega. Na casa da dona fulana que está sem leite, e a repórte linda e elegante leva em suas mãos os mantimentos redentores.

Temas relevantes são atropelados, tão pouco citados.

Exemplos: que o governo federal gastou pouco mais de 13 % do orçamento destinado a prevenção de desastres.
Que a cobertura vegetal que protege o solo foi retirada na construção de casas em regiões de preservação ambiental.
Que autoridades municipais e estaduais fomentaram a ocupação de áreas de risco, e tentam flexibilizar a legislação ambiental.

O problema será mascarado, não será resolvido em sua complexidade. E voltaremos a ver novamente mais tragédias desse porte, e mais comoção nacional.

É muito mesquinho transformar tragédias urbanas em "big brother", e uma promiscuidade ainda maior quando disfarçada de interesse público.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Cyber Prisão


Apresentamos as peças de Direção de Arte, ficaram criativas, inusitadas e bem recebidas pela professora.


O dia parecia bom, mas na verdade foi. O problema foi a volta. Aline deixou-me na avenida tocantins, próximo ao Teatro Rio Vermelho. Enfrentei o turbilhão de vendas, ofertas e cheiros na avenida anhanguera.


Precisava passar por alí, ir no caixa eletrônico. Fiquei incrédulo quando vi a mensagem em todos: " sistema fora do ar por tempo indeterminado". O guarda da agência disse que a pane era geral em todas as agências da cidade.


Não tinha sequer dez centavos no bolso. Tinha que cruzar a cidade e ir ver vovó. Fiquei angustiado, com raiva, vontade de gritar e quebrar a máquina.


Não tinha muito o que fazer. Liguei pra Mônica, mas ela estava no trabalho. Decidi entrar no ônibus, era melhor que ficar alí.

Fui tantas vezes lesado pelo falho sistema de transportes da capital, que nem enrubreci a face.


Falei com o motorista, fui sincero, ele também foi. Abriu a porta da frente de forma solidária: "desce aí". E desci.


Dei um grande beijo na vó, conversamos, trocamos confidências. Falamos sobre nossos problemáticos olhos. E as tais cirurgias.


Não quero experimentar novamente essa prisão das máquinas, este condicionamento, esta escravidão.
As inúmeras catracas e máquinas que cruzamos é uma forma de biopoder, controle e domesticação dos corpos.
É o cerceamento, a forma mais direta e eficaz do Estado interferir em nossas vidas, respaldada por meios de comunicação ortodoxos e vorazes.
O monumento desta imagem é fruto de uma intervenção urbana na cidade de São Paulo de um grupo chamado contra-filé. Terreno fértil para reflexões e possibilidades de repensar nossas relações com seres de chumbo, aço, ferro e chips.
Gritemos:
viva a descatracalização da vida!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008


"Ser assim é uma delícia, desse jeito como eu sou, de outro jeito dá preguiça, sou assim pronto e acabou! A comida de costume, como bem e não regulo, mas tem sempre alguns legumes que não sei porque engulo."

Bom lembrar das coisas da infância, melhor ainda foi cantar efusivamente este ano no show da palavra cantada em goiânia, na companhia de dóris.
Burlamos a segurança, e entramos no espaço que era destinado apenas para crianças.

Quase chorei pra ficar na frente, ver a sandra, e aquele seu místico cabelo vermelho.
Tanta música na ponta da língua... mas o ápice foi " O rato", muito linda. Deveríamos ter mais bandas assim, mais poesia e lirismo, e menos violência e esquecimentos. Mais palavras cantadas, e sorrisos largos, com certeza.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pastelaria 84


Dóris e eu saímos da faculdade, corremos para a pastelaria 84. Tomamos um trago de "Domus", conversando, rindo, pensando. Dia bacana, longo, quente em alguns momentos.

Terminei de aplicar os questionários da pesquisa de opinião e mercado. Senti outro olhar depois das entrevistas. Conversar com pessoas que dividimos espaço, mas tampouco fitamos os olhos. Ouvir um pouquinho das verdades guardadas, das frases construídas.


Ontem ví minha avó, dividimos um momento bonito e tácito. Mediados pela novela, pensamos na possibilidade de amores fora das normas. Abraço que precisava.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Obstáculos


A volta foi cansativa, mas prazerosa. Não sei como conseguem fazer o caminho de São Paulo/Goiânia em 17 horas.


Dormi menos de duas horas, levantei a força, e fui na última sessão de sofrimento: dentista!


Ele até foi bem educado desta vez, aliás, simpático. Devemos reconhecer as mudanças. A auxiliar não narrou os acontecimentos, e consegui relaxar.


Ainda lembro daquele dia pavoroso, nossa doutor a polpa ta toda exposta, tadinho, vai doer tanto. Ixiiii, que tamanho de cárie.


Enfim, ir ao odontólogo mexe com minha auto-estima.


Agora, o melhor foi quase ser atropelado na "entrada" do câmpus. Achei estranho, o senhor que vende doces e afins não estava no habitual espaço. As máquinas rugiam, revolviam a terra vermelha e bufavam na direção dos transeuntes.


Nosso novo elefante branco está quase pronto, vai ficar lindo no site e em todo material gráfico produzido pela UFG. Principalmente as imagens que mostram estudantes felizes e produtivos, em prédios modernos e arrojados, bons laboratórios e um pé de flamboyant na porta da reitoria.


Ah, mostrem a Facomb. O buracão, o estúdio de rádio, os computadores onde temos que editar vídeos. O Iesa, a Fav, a FCHF, mostrem, mostrem.


O semestre quase acabando e uma sensação de completude, de ter feito direitinho a lição de casa.

sábado, 22 de novembro de 2008

Vozes singulares


Outra vez em São Paulo, e os mesmos arrepios que senti quando pisei nesta cidade pela primeira vez.


Gigante, suja, linda, excludente, apaixonante. Me perco, pergunto, me viro.


Caminhando pelo Rua Augusta, uma moça convidou-me para corta o cabelo. Fui seduzido pelo seu visual, seu olhar difuso e sua feminilidade não hegemônica. _Vai ficar careta e tirar o mullet, perguntou. Tire por favor, mas não quero ficar socialzinho, deixa bem bagunçado.


O corte prosseguiu, e com um silêncio necessário, pertinente. Começando a escurecer, caminhei da Augusta até a Paulista. O coração apertado, turbilhões de automóveis, rostos desconhecidos. Buscava apenas um rosto, aquele que quando apareceu trouxe uma paz singular, e o abraço dissolveu qualquer dúvida ou medo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

20 de Novembro, dia da...


... Consciência Negra.

Refletir sobre os silencios e tensões raciais.
Sair do mito da democracia racial, desconstruir dizeres.
Discutir seriamente políticas afirmativas, exorcizar de fato o racismo de nosso país.

Deixo então um trecho do belo poema de Cecília Meirelles

(...)

Detrás de grossas paredes,
De leve, quem vos desfolha?
Pareceis de tênue seda,
Sem peso de ação nem de hora...
- e estais no bico das penas,
- e estais na tinta que se molha,
- e estais nas mãos dos juízes,
- e sois o ferro que arrocha,
- e sois barco para o exílio,
- e sois Moçambique e Angola!

(...)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Bastidores


Uma delícia ouvir um pouco do passado. Segredos, sonhos, lutas incansáveis.
Pela manhã, conversei com Professor Orlando, um dos entusiastas da UFG. Participou da criação da escola de engenharia, faculdade de artes e o instituto de matemática e física.


Diversos embates, disputas de poder e muitos projetos apresentados ao congresso nacional.


Após muitas discussões, em 14 de Dezembro de 1960 é decretada a criação da UFG. Este bucadinho de informações dá um sabor diferente ao caminhar pelo campus, e por tudo que envolva esta universidade.
Prédios que escondem muitas histórias, prédios que abrigam muitas possibilidades.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A invenção da vida moderna


Dizer modernidade é refutar um passado de trevas, feudal e teocêntrico?
Uma possibilidade, contudo, o que deixa certezas é a agilidade, rapidez e efemeridade dos nossos dias.

Vinte quatro horas não são suficientes para efetivarmos tantas demandas, projetos, desejos e sonhos.

Metrópoles no início do século XX viviam a diáspora do elemento urbano em confronto com o rural. As cidades tornaram-se perigosas, a beira de um ataque de nervos. A ansiedade é a tônica citadina.

O bonde, o trem, o automóvel, o avião. Espelhos da natureza transformada, condensou o recorte espaço/tempo, diluiu fronteiras. Entretanto, potencializou o desejo pelo novo, um entretenimento compensatório para tanta rapidez.

Nesse sentido, o cinema veste muito bem no manequim das cidades. É a própria sequência absurdamente rápida ( pensando o cinema médio). Imagens em abundância, narrativas explosivas, diálogos efusivos, duelos, mortes e mortes.

Sim, a morte.
Estes meios de transportes causavam pânico generalizado. As pessoas não entendiam muito bem seu papel de pedestres, tão pouco condutores os percebiam como vidas. Desastres, escatologias e mutilações faziam a festa em jornais.
Seria uma forma de aprendizado, de entender a crueldade das máquinas que fragiliza o corpo.
Ver para acumular referências, previnir-se. Mas também um alimento para o cotidiano exaustivo. O trabalho repetitivo, as funções estáticas. A palidez dos dias que se seguem.


A imprensa escatológica de 100 anos atrás não precisa ser buscada em museus ou arquivos públicos. Poderás ter acesso em uma banca próxima. Claro, com uma diagramação impecável e todo o tempero do medo e pavor em" estar vivo".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tanta desordem


Drica Morais esteve em terras goianienses.

Trouxe na bagagem uma deliciosa comédia. Flertes com filósofos, confissões de uma mulher inventada na modernidade. E principalmente, questionamentos pela obsessão informacional.

Entre ditos e interditos, ficam cenas a dizer mais do que deveriam. Relacionar o cotidiano, as pequenas movimentações, com o que ignoramos. Ou talvez não precisássemos saber.
Um dizer pouco comum. A excessiva medicalização da vida, e as anulações que buscamos para suporta-la. Cada um a seu modo, ao seu mundo.

Ela está certa, o Teatro Goiânia é lindo, mas precisa de uma reforma!

sábado, 15 de novembro de 2008

Tenho


Quando se pensa em estética, longe da redução do termo no contexto midiático, há formas de se vivenciar e constituir subjetividades.

Existir para produzir, proteger, preservar.

Existir para hesitar, refutando, refugiando.

Moldar o belo, contrapor o feio, e as intensas nunces e possibilidades entre eles.

Buscar na própria humanidade a força motriz e reveladora.

Sentir em palavras orquestradas, músicas, audiovisual e poesia as vontades de vida.

E quanto aos mullets? Uma releitura, várias vertentes. Uma estética goianiense?

Ah... Goiânia e suas surpresas. Cidade menina.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Manifiesto Contra-sexual


Quarta, no Ser-Tão, discutimos o primeiro capítulo desta intrigante e desestabilizadora obra de Beatriz Preciado.


Possibilidades, questionamentos, desconstruções. Proposições para caminhos alternativos de existências. Sexualidades deslocadas com o intuito do respeito, pluralidade e interações.


Muitos deveriam assinar o contrato proposto por Preciado, ou reelaborar o contrato, sugerir, suprimir, criar.


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Quereres


Ah, Marcelo e eu estamos finalizando o documentário "Quereres: Um exército de amantes não pode falhar". Falta pouco, apenas os créditos, não sei se é por ser cria nossa, mas acho que ficou bom, singelo e complexo. Suave e agressivo. Enfim, em breve coloco aqui.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Belezas

Diante de tanto cuidado, carinho e olhares avassaladores, até estragaria o video se ousasse escrever mais.

Então, sinta.

http://www.youtube.com/watch?v=8Fo0HOb2eEo&feature=related

domingo, 9 de novembro de 2008

Ðลиΐєlล



Menina dos olhos verdes
!!!
lembro cá das vezes que te via arredia na fila do lanche,naquele colégio onde tantas coisas boas nos tomam de encontro. Entre um momento e outro, um riso, um abraço, briguinhas, chateações e muita cumplicidade, conquistamos uma amizade tenra, bonita, poética e verdadeira. Passamos por muitos conflitos, muitos problemas, mas atravessamos tudo isso juntos, de mãos dadas, não sucumbimos, foi lindo, é lindo!!!
Minha irmanzinha!!! minha menininha que amo, me preocupo, quero muito bem..que nesta vida, por diversas idas quase nos desencontramos, mas ainda seguiremos próximos, presentes!!! é so eu fechar meus olhos que me vem a mente aqule teu sorriso largo e propositivo.
Assim criança, deixo algumas palavras para que se lembre desse rapazinho que cá está, a sua espera, para continuar nossos momentos, nossas conversas intermináveis, recobrar os abraços e dançar por essas ruas, fingir nossa loucura e nos entregar as paixões que é poder viver! Te amo amiga!


Escrevi há tempos, estamos distantes mas não consigo entender bem o motivo. Mas sinto saudades, e muitas.

sábado, 8 de novembro de 2008

Sexta, chuva pertinente


Na manhãzinha, a lembrança de muitas possibilidades a noite.


Em Goiânia, uma companhia de teatro gaúcha apresenta o espetáculo "Larvário".


Uma experiência bacana, desconcertante e deveras prazerosa.


A chuva embelezou os caminhos na saída do espetáculo, e as conversas, risos e a entrada em um lugar inédito contribuiu para uma poesia que não se prende ao papel.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cores...Café com leite ( de soja por favor)


No findar da tarde, quase enlouqueci. Havia passado parte do dia escrevendo um pré-projeto para a disciplina de Pesquisa de Opinião e Mercado. Enviei o email para o grupo, enfim, quando abri a mensagem o arquivo anexada não era o do trabalho. Desespero, preguiça de refazer, mas agora de manhã vi o arquivo no desktop, UFA!!

Lucas, com suas agradáveis sugestões, presenteou-me com um show das "Chicas". Ouvir quereres com uma batida de percurssão foi contagiante.
Antes, fomos na mostra de Direitos Humanos, deparei-me com a beleza arrancada a força de Brasília ( não gosto mesmo da capital federal). Entre cores e navalhas é o aceno para os múltiplos arranjos afetivos. A prova da fluidez e instabilidade que nos possibilita ir além. Fujamos das identidades, ou as esvazie. Nada de rigidez, estagnação.

Revi café com leite, outra história bela e bem conduzida, com uma certa normatização, mas empolgante.
Não quero comentar a cerca da euforia da platéia, tão pouco das violências simbólicas que tivemos que suportar. Tenho plena certeza, que aqueles jovens exaltados não serão os mesmos após tanto amor dissidente na tela.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008


Marcelo Camelo - Janta
Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade

Clipes e lápis de cor na minha cama
Todos pensam que estou triste
Vou passear nas melodias e abelhas e pássaros
Ouvirá minhas palavras?
Estaremos nós dois e você e eles juntos?
Eu posso esquecer de mim mesmo
Tentando ser todos os outros
Eu sinto que podemos ir embora
Me delicie hoje
Eu te deixo ficar se você se render

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser a eternidade má
Eu ando em frente por sentir vontade

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Vincent



O que aconteceu ontem ficaria muito bem preso em uma prosa, ou algo que o valha. Não sei se estou disposto a escrever tanto, procurar detalhes e enfeitar palavras. O fato é que na cabeça a primeira terça feira de novembro do ano corrente nunca mais será perdida.

Fugi do Campus Samambaia como fujo de mensagem cristã. A manhã foi mentirosa, estava quase fresca e um tanto úmida, mais uma dissimulação desta capital. O sol e a secura vieram abraçados para tornar mais um dia de trabalho difícil e enlouquecedor.


Entre os muitos prédios " legos" de Goiânia, e a predominância de carros nas ruas, em detrimento de pedestres, lembrei do aconchego do bosque dos buritis: Pronto, vou deitar preguiçosamente na grama, ler um livro e receber gotículas remanscentes do chafariz.
Doce ilusão, o chafariz estava desligado.

Fiquei indignado, mas cedi, enguli a angústia com as partículas sólidas suspensas no ar.
As coisas estavam bonitas, silenciosas.

Do meu lado, com uma denunciante indumentária de "europeu que veio admirar a pobreza", um senhor esbaçou em um português pré-fabricado: "pra---praça ciuvica", ahh, sim, é bem próximo daqui. Ele não entendeu muito bem, mas sorriu.
Aquele senhor deixou-me incomodado, senti uma necessidade incomum de lhe falar. Perguntei de onde era: " não falo português", ué, claro que fala, isso é português!

Insistimos no diálogo, tentamos em espanhol, estabelecemos trocas de informações. Vincent veio do sul da França, está aqui há um mês, conhece Brasília, Abadiânia ( será que veio pelo Césio?!), e está em uma busca espiritual. Um dia relevante, sufocos, incertezas e o medo de ocupar um lugar que parece tão distante. Obrigado por este dia.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Allan


Amigo, saudades muitas de ti... é estranho ficarmos meses sem nos falarmos, uma conversa ou outra pelo msn. Mas sei que quando estivermos próximos, todo o vigor, beleza e a intensidade de nossos laços serão os mesmos! és demasiado especial. Saudades

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Daqui...onde?


Estou a concluir uma pesquisa para a disciplina de Comportamento do Consumidor, ministrada pela profª Maria Luiza.
Trata-se do jornal popular e de formato tablóide " Daqui".
Confesso que já fui tendo certeza das respostas que encontraria, contudo fui surpreendido. Seria o jornal " Páginas de sangue" algo que é feito pelo desejo do consumidor? Ou talvez a escassez de informação, e a transformação desta em mercadoria deixam essas pessoas alijadas do processo. Portar aquele jornal confere status, posso arriscar se tratar de um mecanismo de cidadania.

Não quero julgar o teor das informações e as constantes escatologias veiculdas naquele jornal. Vislumbro uma questão: o que é ser cidadã/o em uma capital como Goiânia? A cidade é representada em suas potencialidades informacionais pelos veiculos que temos (in)disponíveis?

Fiquei intrigado, comovido e me envolvi com as narrativas de meus interlocutores.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Um incerto texto


Pelos idos do colegial (é tão bacana falar assim), um delicado texto buliu com minhas curiosidades. Marcou, ficou guardadinho, sempre fresco...mesmo engulindo vírgulas, pulando parágrafos. Mas sua mensagem estava alí. Clarice e seu jogo de fugas, palavras e o conhecimento de algo apenas sugestionável. Quero-a em minha companhia, nas tardes quentes, secas e intensas de Goiânia.

Medo Da Eternidade

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.

Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.

- Não acaba nunca, e pronto.

- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.

- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.

- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.

- Perder a eternidade? Nunca.

O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.

- Acabou-se o docinho. E agora?

- Agora mastigue para sempre.

Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.

Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

Até que não suportei mais, e, atrevessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.

Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Faltam Imagens


Dizem a boca larga que imagens valem mais que 1.000 palavras. Discordo.


Há nessa sensação intermitente, incansável de dizer algo, falar dos acanhamentos, acúmulos fatídicos, cotidianos disformes. As vezes não se consegue dizer, tão pouco eleger uma imagem que verse um pouco mais do que tentamos expressar.


Não tento proposições à metalinguagem, nem quero entrar no fazr poético. Queria uma imagem apenas. Cá no google imagens as coisas andam difíceis. Pensei em Tegucigualpa, Calcutá, queers, HSH, homens envelhecendo. Faltou algo na imagem, sobrou hegemonia e esvaziou-se a multiplicidade.


Fico ainda a procura das imagens, aliás, ao elegê-las causará em outrem singular emoção? Não, nessas poéticas visuais a disputa pelo sentir é intensificada.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Memória e Ditadura


De 1964 a 1985 algo tanto distante, doloroso e inexplicável.


São sentimentos contraditórios que surgem ao ver ao meu redor o projeto memórias reveladas do Arquivo Nacional.


Ontem, lançamos o projeto no auditório da Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia da UFG. Exibimos o filme Batismo de Sangue, e depois tivemos uma emocionante conversa com a professora do departamento de Ciências Sociais, Maria luiza Rodrigues.


Revelar para não mais acontecer. Colocar a mão nessa ferida disforme, latente. Cicatriz ambígua, com aspecto queloidal.


Heranças e ransos que não nos livramos. Violência policial, assepsia social, higienização de corpos indesejáveis. Enfim, precisamos dialogar, refletir e jamais sucumbir ao silêncio.


Dia instigante, complexo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Fotografia


Há um certo tempo cursei fotografia na faculdade.


Refências francesas, câmera clara, Barthes, D'bois, kodak, 35 mm, 20 ° C...revelador, negativo, positivo.


Contudo, tardes quentes de Goiânia teimam fervilhar miolos. Já não sou de muitas inocências, tão pouco moralismos e disposição para fotografar macacos no bosque Saint-Hillarie.


Ligo para ele, Marco. _Topas beijar na boca para uma fotografia? "Uai, não sei, quem é a outra pessoa? É o Dóris. "Sim, de boa".


Entre risos e enrubrecimento daquela turma de universitários, o beijo queimou o asfalto e grama das adjacências da faculdade de artes visuais.



Um beijo, apenas um beijo de garotos urbanos goianos. Lábios em preto e branco.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Adélia


Lá nos cantos de Minas há essa boa moça.

Madura, sensível, que desdobra palavras, casa rimas, põe ternura no dia de terra vermelha, pedras calçando ruas.

Poetisa que denuncia uma forte assertiva: " não sou tão feia que não possa me casar".

Deve ser irmã de alma de Cora. Se o sertão não as dividisse por certo fariam largas compotas de doces em tardes manhosas.


Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.

Adélia Prado

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Guamá


7 dias sem escrever.

Ainda zonzo com tantos momentos, reflexões, conversas, samba de amigos.

Tivemos uma imersão no Guamá, região pobre, com sérios problemas estruturais. Alí não víamos nem esgoto em algumas partes, eram valas com acúmulos de cheiros, lixo, fezes. A população sendo espremida, machucada. Cercadas por uma universidade que não os pertence.

Sentamos em um bar, cruzamos a fronteira. Chamávamos atenção, prestávamos atenção em cada detalhe, cada olhar. A efervescência de suas vielas. O tecno-brega embalando um domingo, a cerveja descendo por gargantas ávidas. Desejos, suor, fé. Um entrelaçamento inimaginável, mas alí exposto, para olhos mesquinhos como o meu.

Tem mais que açaí, tacacá, maniçoba e carimbó. São versos que se fazem no encontro cotidiano, nas dobraduras de seus caminhos, no infindável som de suas tardes.

Ah, Belém. Ah, bairro Guamá.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Filhas da Chiquita


Tudo quase certo, coisas a mil e tudo deve ficar pronto as 20 horas.

Dar fim a saudade do Pará, do norte, daquela vastidão de belezas, expressões, singularidades.

Vamos em um momento atípico, como um próprio belenense disse a cidade é uma antes do sírio e se reorganiza de uma forma impar na festividade.

Não vou para segurar na corda e fazer promessas à santa, quero é ver a festa profana, travestis,lésbicas, gays e bi : na procissão as filhas da chiquita.

A festa da chiquita é parte integrante do sírio de nazaré, foi tombada como patrimônio imaterial e cultural da humanidade peli IPHAN. E estarei lá para ver isso, ainda não acredito

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

prelúdio


A primeira lancheira, caminhos certos, árvores, maçãs. Um fim de tarde saboroso, pernas preguiçosas no sofá. Na tv as aventuras de Doug. Era meu favorito, estava alí ao lado de pedrinho, emília, mônica, nino, zequinha, meena...tantos, tantos.

Bom voltar do campus, ouvir palavra cantada...rato, meu querido rato.

ahh, sou ainda esse menino ruivo, com a música na ponta da língua.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

18


Uma quarta feira cheia de surpresas, trabalho e calor.


Comemoramos o sucesso do seminário, a repercussão em Goiânia e também no Brasil.


As vezes entro muito no espírito dos eventos, seminários, e acabo não voltando pra realidade. Esqueço da vulnerabilidade, subalternação e violências simbólicas impostas diariamente. "manera aí", eufimismo para constituir um sujeito abjeto, desprovido de direitos e silenciados pelo ódio, pela ignorância e pelo esvaziamento de sentidos, solidariedades.


Sem palavras, sem ação, com o gosto da impotência. Lutar alí? gritar, dizer estou aqui! Não tive forças. Tive pena daquelas pessoas, da mesquinharia de suas vidas, daquelas limitações, da arrogância. Olhei nos olhos daquela senhora, do rapaz e lamentei por não serem de fato humanos. Se cristão fosse eu, diria: "oh pai, eles não sabem o que dizem".



*No hipertexto olha quem acabo achando. Solto no Cyber-espaço: Rodrigo de Campinas. Saudade de ti rapaz, pessoa maravilhosa e com uma energia para desmontar estas grades de preconceito e ódio.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Linha de Passe


Cinema com o grande amigo Lucas já é uma tradição. Assistimos, comentamos e nos maravilhamos.

Este filme tocou-me de forma dolorosa, e também saborosa. Tensões, apertos na poltrona, comoções. Quase lágrimas, muitos sorrisos. Lindas cenas, uma trilha absurdamente poética e uma atriz que não ouso adjetivar.

Caminhamos pelo vaca brava, comentamos sobre sonhos, cenários futuros, perspectivas.

Uma noite muito agradável, gentil e inquietante.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Belém


Se vontades andaram me assaltando nos últimos dias, creio que se dissipou, ou não. Explique, explico. Não quero ir para Belém, aliás isso é uma vontade, vontade de não ir. Ficar aqui em goiânia, organizar o armário, ver vídeos, concluir crime e castigo, as avós...mas quero ir, aliás, o pior é que sei que vou. Como o Dorivan disse, sou patológico, quando vejo já embarquei e deixei tudo para trás.

E confesso, saudade do Pará, do tacacá, maniçoba, tecno-brega, açaí de verdade. Caminhar pelas docas na tarde que caí, fitar a imensa baia de Guajará.

Acho que vou. Combinemos assim, pensarei sobre isto depois, agora me deixe aqui na quentura do café e a voz rouca do mp3.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sertão


O seminário ocorreu de forma tranquila, intensa e poética. Discussões calorosas, pessoas edificantes e múltiplos olhares. Trabalhar na companhia de amigos é uma experiência particular, interessante.

Terminou com gosto de saudades, promessas e muitos desejos de continuar.
Sábado, em particular, foi um dia interessante. Companhia agradável em um almoço atrasado e ficar preso no ônibus esperando a chuva acabar.Enfim, chove no sertão.

Para não dizer que tudo foi perfeito, conheci uma pessoa detestável. Aliás, dispensável, mas que possibilitará grandes risadas ao relembrar suas encenações.
Música boa, que tantas vezes nos exaltamos no teatro. Fizemos coro, levantamos a mão e nos emocionamos junto com Eugênia.

Parece
(João Caetano)
Parece alegria que ouço na minha voz
Parece que essa chegou pra ficar
Parece mentira ninguém é mais feliz que eu
Parece tão bom, tão bom, você gasta de mim

Parece verdade o amor amadureceu
Parece que é vinho só fez melhorar
Parece que a vida agora é só você e eu
Parece tão bom, tão bom, você gosta de mim

Olha o meu peito ainda é sua casa
Merece reparos pra você voltar
Pois tudo estava tão abandonado
O teto e o piso empenados
Paredes quebradas sem cor
Mas olha o meu peito ainda é sua casa
Com o tempo faremos um novo lugar
Talvez ele não seja nada do que era antes
Parece daqui em diante
A casa tem dono outra vez
Você esta comigo de vez

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Escola


Nunca gostei de mexer com cola no colégio. Minhas mãos ficavam sujas, a superfície desigual, enfim: uma tragédia.

De um tempo pra cá ando gostando muito de colla..oops cola.. Espero que cole, aperte, abrace, como os desenhos famigerados da infância.

Que o caderno fique menos áspero, mais uniforme. Ou não. Que tudo seja como for.
Fragmento de uma música em homenagem a cola.
Validuaté:


..."Que cola tudo o chão rachado do sertão
Os cinco dedos da mão as bolhinhas da água em ebulição
Esse negócio de desconstrução nunca foi uma boa não
Super bonder é um multirão pela epopéia do unitário
Para que tudo vire um num belo gozo sanitário
Volte a terra pra pangéia nesse ritual otário
Feito um santo salafrário para o parafuso solto
Super bonder para a desunião mundial
Super bonder para os cacos de amor
Super bonder para o big- bang pós-modernidade
Super bonder ah! houve um lindo casamento
O casal não tinha alianças
E o padre então passou super bonder nos dois
Os dois à milanesa no super bonder
Os dois num rocambole de super bonder
Os dois num banho-maria de super bonder
Ah! e os convidados os convidados não tinham arroz
E xiringavam super bonder no casal apaixonado"...