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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Descei


Foi zombando da porta, em distrações intermitentes. A loucura tomou-a de assalto em manhã caseira e tinhosa. A garganta rasgou levemente. Sentia um ou outro dente pronto para reclamar. A viagem fluía, sufocava qualquer tentativa de emancipação e produtividade. Confusões comuns, próximas.
Seria triste qualquer começo. Refrões aprisionam, insistem em harmonias. Deitaria na grama, forçando um bucolismo que nunca possuiu. Mas era pura fúria, lamúrias, indignações. Passou um pente nos cabelos da vida, deu-se conta dos pertences deixados à margem. Ensaiara coros e poemas. Música de câmara, bandolins, oboés. Afinou dedos e chão. Procurava fotos, lembranças, registros. Sentia mesquinhez em sua busca, buscar retratos era retratar sua cínica catarse. Retrocedeu, retratou-se consigo. Enfim, ritmou, perdeu-se em contentamentos.
Não estaria coerente, nunca esteve. Era dada as confusões do mundo, esfregava secreções nas autoridades inventadas. Fomentava fome, sufocava sedes. Deu-se a pensar em razões mil para obedecer a funções vitais com tal religiosidade. Excretava, ingeria, ruminava. Chorava pouco, abafava ruídos, aquecia pés e mãos. Copilava fragilidades, insistia em impotências, nervosismos, intenções. Chegava aos próximos despejando realismos, encenava vidas que não eram suas. Dizia o queriam ouvir, tornando mentiras mais que mentiras, verdades bem contadas, injetando vicissitude e devaneios aos circundantes. Era livre, pueril. Reclamava braços e abraços. Reclamava do que não faltava, arrependia-se do que não fizera. Rainha apolítica, despojada de qualquer poder moderador. Mesmo que moldasse, as curvas não sucumbiam. Franzia a testa por obrigação, não por charme. Então despertou-se, tudo era tão concorrido, evidente, simples.
Batendo palmas, estava pronta, homenagem a sobressaltos, frenesis. Vida era pouco mais que experiências, rápida e ríspida. Acumulava, dia sim, dia também. Cobrava tributos, sanados por mãos condescendentes. Afagava cicatrizes que a própria condição vital impele. Desistiu. Complexidades desmanchavam a beleza sugestionável, invertia sua recém criada história de vida. Sentia-se antropóloga de um mundo criado, desenhado na classe de criação publicitária. Aquelas cabeças, por vezes criativas, mas insistiam no galo. Galo, como já apontou João Cabral, cantava ao amanhecer, e com seus comparsas tecia a luz-balão Luz esquecida, cobra do divino divina luz. A vós descei, por serem filhas do senhor.

5 comentários:

Dóris... em outras versões!!! disse...

fritaaa!!!!!! não consigo tecer comentários ainda, conversemos depois sobre a sua última postagem!!! abraços

Priscila Lima disse...

já adicionei como link no meu blog!!!
dá uma olhada também!
beijos

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Como sempre fantastico! Luxo, poder, riqueza e seducao! Mas acho que vc deveria seguir a mesma linha dos primeiros que estavam perfeitos que prendiam a atencao desde a primeira linha ate a ultima! Gosto mais da linha Sexy and Gyn! Acho muito digno! Porque a vc sabe muito bem que esse blog daqui algum tempo vai ser babado, tumulto e confusao! Rs... Bjos e me liga!