sexta-feira, 20 de junho de 2008
Donna Santha
Cresceu em um lugar no mínimo sem brilho para alguém que a vida projetou mil maravilhas. Era a mais notada daquele país. Pernas compridas, deslumbrantes madeixas, vez ou outra rebolava em províncias vizinhas .
Tinha um ar arrogante, também pudera, foi fruto de técnicas caras e modernas de inseminação. Filha acarinhada por muitos, sua mãe ostenta o orgulho de ser virgem, afinal o hímen é complacente, logo permanece intacta, tal qual veio ao mundo.
Andava rodeada por marmanjos, semelhanças com cadelas ao cio. Usava tubinhos brancos, um visual mais clean, o sol era de rachar. A echarpe vermelha, brilho discreto na boca, cabelos definidos, cachos perfumados e levemente dourados pelo sol. Cintura única, de rara beleza. Pés delicados, contrariando a secura de suas terras.
Encismesmada, queria alçar vôos. Mostrar a todos suas profundidades e desdobráveis aptidões para o cotidiano. O sertão debilitava sua pele. Foi-se aos trópicos. Longa temporada passou em latino-america. Bailou em Havana, Caracas, Belém, Buenos Aires, Lima, Montevideo. Arrastou legiões de fãs, foi criticada, insultada, exaltada. Apareceu em notíciarios, frequentava baladas e celebrações religiosas. Filha legítima do consumo, pregava um novo olhar. Que comessem menos carne, praticassem exercícios, não fumassem. Nada de pegar sacolas plásticas no mercado.
Notou-se reivindicada por muitos grupos, queria sua privacidade, sua doce solidão. Enfaticamente perseguida, corria de muitos, seu salto desgastava, quebrava. Sucumbiu as vaias e impulsividades das massas raivosas.
Beberam otim, fumaram ópio, chuparam bubaloo. Cantaram singles, oh dj, please don't stop the music. Foram traidores, em ondas transcedentais, um grupo confundiu minha amiga com uma elzeira por aí, navalhou-a, dependurou o corpo no monumento das três raças. O sangue ficou alí, empoçado. Os dias sucederam, calmamente, sem nenhuma pressa ocasional. No fim do terceiro dia surgiu calma e serelepe uma nova promessa. Ela estava viva, não se sabe como, mas o brilho azul hipnotiza nossa doce capital.
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Um comentário:
meu deus!!!! profano ao máximo possível!!! arrasou no jesus gay pós-moderno!!!!! rs........
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