Rosangela Rennó - Espelho Diário
Enquanto alguns gritam, choram, clamam... tantos rezam, veneram, proclamam. E cá fico a deixar o cotidiano deslizar. Ando perdendo o sentimento de culpa, de que deveria ter me entregado à exaustão.
Essa lógica de produção desenfreada, o ritmo da hipocrisia. Mas o alarme ainda soa, soa, soa.
De onde vem a calma? É uma canção do "Los Hermanos", mas é sobretudo o que busco e almejo. A calma onde há prazos loucos. A vagareza no lugar do desespero. Uma canção meio torta quando o ônibus não passa há vinte minutos.
E por que isso?
É esse o tempo pra viver, se apaixonar. Grudar no livro, fazer poesias bregas. Rabiscar o caderno ou escrever bobagens na carteira da faculdade. Rabiscar as mãos, a perna e rir ao se lavar.
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