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Peço licença para narrar o que me toma o pensamento, arrepia meus sentidos. Aqui, a voz se faz de um rapaz mentecapto, enveredando por partes de um mundo todo seu. Com tantas pretensões, a menor era encontrar alguém que de tal maneira o pusesse a atinar sobre sua companhia, reclamar seus abraços, dizer que o mundo é nosso.
Doce moço, nas lonjuras de São Paulo, perto de mais para um corpo sedento do teu. Inalcançável nas minúcias dos dias. Presente nos sabores que sobrevivem ao contínuo tentar de cada dia. Dias saborosos, com fragrância marcante, olhares densos, voluptuosos. Embaraços por não saber onde colocar as mãos. Trajetos em um mar de gente, em profícuos terrenos, escondidos ali, nossos beijos se encontravam.
A censura das mãos era um tempero. Prolongar o que de momentos estava findado. Desdobrando teu toque por mais um minuto, impregnando em nossas roupas o cheiro resultante de insistentes abraços.
Fugi do clichê, não sentei incrédulo em qualquer suporte, e tão pouco acendi um cigarro. O gosto bom desse homem transitava em minha boca. E desconsertado, ria como menino para os transeuntes. Acenava à vida, ouvia música, dissolvia lentamente a bala de menta. Lembrei de quilômetros, os esqueci.
Um domingo se seguiu, entre milhões (literalmente), passos pela paulista, por pessoas, por divergentes sonhos, desejos. Caminhada sorrateira, deveras congestionada, enfim sozinho, mergulhado nessa inquieta cabeça, formigante lembrança. Procurava em rostos desfocados aquela unicidade. Entreguei-me à multidão.
No frenesi urbano, inicio de semana, a saudade já desafrouxava. Quase um respirar aliviado. O telefone soou, era o moço. Marcamos pelas avessas, avessos. Próximos talvez, mas desconhecia o caminho. O nervosismo acirrado, o trânsito implacável. Enfim nos encontramos. Água, fôlego, apertos. Rápido, alguém vai chegar. Entregamos-nos ao curto tempo, roupas no chão, reviravoltas em lençóis. Beijos densos, línguas, toques, saliva, mãos. Olhos fechados, contorções, malabarismos. Onomatopéias, cabelos. Um jato, quente, sobre nós. Vestígios dissimulados, despedida sofrível, necessária. Entre pele e tecido, trazia em mim seu fluido. Doce companhia na madrugada de Guarulhos, no aeroporto assaltado pela neblina.
Um comentário:
Sabe quando não é possível comentar? Qdo está-se embargado, interditado. Não por ser algo ruim, mas por ser algo que não me compete. Apenas devo apreciar a maravilhosidade dos momentos os quais passaste. E findo-me em torcida de que o reencontre. Não necessariamente na mesma pessoa, mas na mesma emoção, sentido, vontade. É com mto carinho que te desejo gostosas batidas no peito!
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